segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Desembarque

"Os bons morrem jovens, assim parece ser". Nunca me senti tão contemplado em uma frase, quando se trata de perdas, como nesta do Renato Russo. 
Tenho apenas 20 anos, e sinto um grande pesar, quando me vem a notícia de que algum conhecido se foi. E esta dor é ainda maior quando se trata de um jovem.

Nesta viagem podemos desembarcar a qualquer hora. Mas tenho sempre a impressão que não desceremos nas primeiras estações.
Iremos descer sempre a partir da plataforma 6.0. e nunca antes da 3.0. Que ilusão a minha. A qualquer  momento isso pode ocorrer. E quando ocorre, sempre fica um lugar no vagão desocupado que infelizmente nunca se preencherá. 
A princípio é muito estranho aprender a lhe dar com "o vazio" do trem. Mas o que se pode fazer?! Pular do trem em movimento?! Não, só trará mais "vazio".
Certo que não pedimos para entrar nesse percurso. Geralmente somos convidados a entrarmos sem pagar passagem. E na grande maioria das vezes aceitamos o convite. E seguimos, sem a necessidade de bagagem. Podemos até adquiri-la. Mas por fim nunca desembarcamos com as malas.
Muitas vezes reclamamos do peso das malas, de como o trem balança, de como algumas tempestades derrubam algumas árvores nos trilhos, e reclamamos, reclamos muito, por que isso está atrasando a viagem. Mas no fim das contas é isso que queremos que aconteça, queremos nunca chegar na Derradeira Estação.
Mas enfim nada se pode fazer, o trem sempre segue seu caminho. E nesse percurso nunca sabemos quando seremos convidados a descer. Sabemos apenas que seremos e que nesse vai e vem, sempre vai uma lagrima de despedida, sempre vem um sorriso de boas vindas.

Fiquem em Paz.... 

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser..
                            (Gonzaguinha)